A Arte de Morrer
Autor: Hennezel, Marie de Leloup, Jean Yves
Editora: Vozes
Categoria: Espiritualismo / Espiritualismo
O mundo que nos rodeia não nos ensina a morrer. Tudo é feito p ara esconder a morte, para incitar-nos a viver sem pensar nela, em termos de um projeto, como se estivéssemos voltados para objetivos a serem alcançados e apoiados em valores de efetividade. Tampouco nos ensina a viver. No máximo a ter êxito na vida, o que não é a mesma coisa. Trata-se de “fazer”, de “ter” cada vez mais, em uma corrida desenfreada em busca de uma felicidade material a respeito da qual acabamos por perceber, mais cedo ou mais tarde,, não ser suficiente para conferir um sentido às nossas existências. Assim, às vezes ouvimos da boca de agonizantes revoltados, amargurados, o derradeiro lamento por terem passado ao largo do essencial. Não é necessário ser particularmente religioso para sentir que não estamos nesta terra para passar nossa vida a produzir e consumir. Em uma das suas conferencias sobre a experiência da morte, o padre Maurice Zundel formulava a questão nestes termos: O que fazemos da nossa vida? Estamos à procura de nós mesmos, fugimos de nós, reencontramo-nos de forma intermitente e nunca chegamos a fechar o círculo, a definir-nos a nós próprios, a saber quem somos... Não temos tempo, a vida passa tão depressa, estamos absorvidos pela preocupações materiais ou por diversões... e, finalmente, a morte chega e é em sua presença que tomamos consciência de que a vida poderia ter sido algo de imenso, de prodigioso, de criador. Mas já é tarde demais... e a vida só adquire todo o seu relevo no imenso desgosto de uma coisa inacabada. É, então, que a morte, justamente porque a vida ficou inacabada, aparece como um sorvedouro. Onde é que, atualmente, a questão do sentido poderá expressar-se? Onde poderá encontrar a resposta? Todo homem confrontado com a iminência da morte pode ser levado a formular-se questões de ordem espiritual (qual é o sentido da minha vida? Haverá uma transcendência? O que acontecerá ao meu ser?). Como é grande a solidão quando não conseguimos expressar tais questões, compartilha-las com os outros! Estaremos prontos para escutá-las? O que dizer, como proceder perante o absurdo do luto, o desgosto, o desespero? O que responder àqueles que perguntam por que? Àquele que – entrevado, dependente, com o corpo deteriorado – pergunta a si mesmo que sentido poderá ter a prolongação da vida?
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"Conselhos Sobre A Morte e como viver uma vida melhor"
[Dalai Lama, Rio de Janeiro: Rocco, 2005]
Livro de Dalai Lama e Jeffrey Hopkins: "CONSELHOS SOBRE A MORTE e como viver uma vida melhor", no qual é explicado um poema de 17 estrofes do Primeiro Panchen Lama, no século XVII(Dalai Lama é um líder espiritual e Panchen Lama é um líder da região particular ao redor de Shigatse).
"Embora o poema seja destinado a quem aceita o princípio da reencarnação, as observações do Dalai Lama podem ser dirigidas até a quem não segue qualquer religião, como quando fala na importância de propiciar um ambiente sereno para quem está em seu leito de morte: "Pensar em Deus pode trazer mais conforto e paz à pessoa, fazendo com que ela sinta menos apego, medo e pesar. (...) Um budista poderia ficar consciente de Buda e dedicar boas ações nesta vida a uma vida seguinte produtiva.
Um ateu poderia refletir sobre o fato de a morte ser parte integrante da vida, e agora que ela está tendo lugar, não adianta se preocupar.
O ponto principal é a paz de espírito para que o processo da morte não seja perturbado."
Significado do mantra OM MANI PADME HUM
- Om fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino dos deuses. O sofrimento do reino dos deuses surge da previsão da própria queda do reino dos deuses (isto é, de morrerem e renascerem em reinos inferiores). Este sofrimento vem do orgulho.
- Ni fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino humano. O sofrimento dos humanos é o nascimento, a doença, a velhice e a morte. Este sofrimento vem do desejo.
- Pad fecha a porta para o sofrimento de renascer no reino animal. O sofrimento dos animais é o da estupidez, da rapina de um sobre o outro, de ser morto pelos homens para obterem carne, peles, etc; e de ser morto pelas feras por dever. Este sofrimento vem da ignorância.